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Saúde e Bem-estar

Por: Viva a Longevidade, em 5/27/2021

Dois estudos reforçam a parceria entre exercícios físicos e longevidade

Pesquisa coordenada por brasileiro descobre que atividades mais vigorosas ajudam a reduzir a mortalidade. Nos EUA, estudo mostra que esporte melhora o envelhecimento do cérebro

Por: Viva a Longevidade, em 5/27/2021

 Dois estudos, publicados no último mês de março, reforçaram a importância da atividade física para o desenvolvimento de uma boa qualidade de vida conforme os anos passam. Essas pesquisas falam sobre como a prática de exercícios pode aumentar a nossa longevidade (em meses, anos) e a melhorar o envelhecimento do nosso cérebro.

O primeiro trabalho — o que relaciona a prática esportiva ao aumento da longevidade — teve a coordenação do pesquisador brasileiro Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.

De acordo com matéria assinada pela jornalista Maria Fernanda Ziegler, na Agência Fapesp, o estudo mostrou que a intensidade da atividade física também resulta em uma maior longevidade. A análise pegou dados de mais de 400 mil pessoas e comparou a redução da mortalidade associada às mais diferentes combinações de exercício de intensidade moderada e vigorosa dentro do tempo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 150 a 300 minutos semanais.

“Qualquer tipo de atividade física regular é melhor do que nada. No entanto, o que vimos no nosso estudo foi que incluir exercícios vigorosos – como futebol e corrida, por exemplo – na prática semanal está associado à redução da mortalidade (em comparação com quem realiza apenas atividades moderadas)” explicou Rezende à Agência Fapesp.

Segundo o especialista, na comparação com adultos que realizaram apenas atividades moderadas, “aqueles que fazem metade ou 75% de atividade vigorosa do total da semana tiveram 17% de redução da mortalidade em geral, que inclui entre diferentes causas a mortalidade por doenças cardiovasculares e câncer”, disse o pesquisador.

Segundo o brasileiro, o resultado do estudo corrobora a orientação da OMS de 150 a 300 minutos semanais de atividade física moderada, ou de 75 a 150 minutos de exercícios vigorosos por semana ou ainda uma combinação equivalente das intensidades das práticas.

Qual a diferença entre a atividade física moderada e vigorosa?

Basicamente é a quantidade de gasto energético produzido por quilo de peso por minuto.

Caminhadas leves de deslocamento, passeios de bicicletas sem dar aquele “gás a mais” ou atividades domésticas são exercícios físicos moderados. Nesse caso, o gasto energético varia de 3 a 6 unidades de equivalente metabólico (o nome do indicador usado para medir a intensidade).

Já natação, dança, corrida, boxe, basquete, ciclismo (pedaladas mais “puxadas”) são consideradas atividades vigorosas, uma vez que o gasto energético é maior (mais de 7 unidades de equivalente metabólico.

Exercício melhorando o envelhecimento do cérebro

A segunda pesquisa que fala sobre os benefícios do exercício físico para a longevidade vem dos Estados Unidos. De acordo com o The New York Times, adultos mais velhos, sedentários, que tiveram aulas de dança aeróbica duas vezes por semana, mostraram melhorias em áreas do cérebro consideradas críticas para a memória e o pensamento.

Os benefícios da combinação “exercícios + cérebro” já são bem conhecidos. Sabe-se, por exemplo, que a atividade física regular (ou seja, praticada com frequência) pode ajudar a prevenir a perda de memória relacionada com o envelhecimento e diminuir o risco de demência.

Segundo a pesquisa, que envolveu apenas pessoas negras (geralmente subrepresentadas em pesquisas de saúde), os exercícios podem mudar a forma como algumas partes cruciais do cérebro se comunicam à medida que envelhecemos.

A ideia do estudo conduzido por Mark Gluck, professor de neurociência na Universidade Rutgers, em Nova Jersey (Estados Unidos), foi entender o que acontecia no cérebro e na mente de pessoas mais velhas caso elas começassem a se exercitar. A hipótese era a de que os exercícios poderiam alterar a trajetória de declínio dos lobos temporais mediais, a parte do cérebro onde está localizado o hipocampo, a “sede” da nossa memória.

O experimento comparou os resultados de testes cognitivos entre voluntários que eram sedentários, mas passaram a se exercitar, e aqueles que mantiveram seu estilo de vida.

Exames de imagem mostraram uma atividade cerebral mais sincronizada nos lobos temporais mediais de quem passou a praticar um esporte (no caso a dança) que daqueles que seguiram sem fazer nada. Segundo Gluck, isso “indica um tipo de flexibilização juvenil no cérebro, reorganizando suas conexões”.

Quem passou a fazer exercícios teve um desempenho melhor do que antes em um teste que media a capacidade de aprendizado, a retenção de informação e a aplicação lógica desse novo conteúdo em novas situações. É, como explica Gluck, um tipo de pensamento ágil que envolve justamente a parte do cérebro que tende a declinar com a idade.