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Diversidade

Por: Guilherme Oliveira e Haroldo Nascimento, em 11/21/2020

O papel das empresas no combate a discriminação racial

Reflita sobre o papel das organizações na luta pela inclusão racial.

 É esperado que ao se aproximar do dia 20/11 os debates e ações em torno da discriminação racial se potencializem. Afinal, para alguns, o dia da consciência negra é a única data em que o tema deve ser tratado. Assim como Ovos de chocolate são vendidos na Pascoa e crianças recebem presentes no Natal. No entanto, o combate ao racismo e a busca por diversidade e inclusão racial precisam ser mais do que uma data ou evento comemorativo, precisam ser uma realidade no cotidiano do brasileiro, e as empresas exercem um papel fundamental neste sentido.

Isso porque, ao estabelecerem programas e medidas de ações afirmativas, possibilitam aos negros tanto o ingresso quanto a acessão social, o que resulta em melhores condições para suas famílias e comunidades. Parece estranho falar isso, mas em uma realidade em que o racismo estrutural retira de uma parcela importante da população o direito a disputar de forma igual vagas e terem acesso a questões básicas de sobrevivência, é necessário um esforço de todos para que se alcance verdadeiramente a igualdade e equidade.

Inúmeros movimentos de inclusão racial nas empresas têm sido adotados, desde programas que visam aumentar a contratação de pessoas negras, até a eliminação de barreiras de entrada, como a análise de CEP ou mesmo a exigência da famosa “boa aparência”, que na realidade tinha como objetivo eliminar da seleção aqueles que eram diferentes do “padrão”.

No entanto, é igualmente importante que além do ingresso, a inclusão seja assegurada. Para isso, se faz necessário falar abertamente sobre o tema em nossas empresas. Entender os preconceitos e vieses inconscientes são partes fundamentais da construção da solução.

Já se passaram 128 anos da abolição da escravatura, muito foi feito neste período. 2020 tem sido um ano diferente por diversos motivos, temos observado um movimento global, fortalecido pelas mídias sociais que tem sensibilizado e trazido a discussão para o cotidiano das pessoas. Diversas empresas têm se posicionado e repensado sua forma de atuação.

Estamos na era do design centrado no usuário, onde ferramentas e métodos como design thinking, personas, mapa da empatia tem um papel fundamental em identificar as dores e necessidades dos clientes, mas como enxergar o que não se pode ver? Para ter uma visão real do problema é importante ter uma equipe diversa, que consegue se conectar com a pluralidade que é o Brasil. Outro aspecto é no momento de ofertar e promover os produtos, levar o negro em suas campanhas e ações não só permitem que o público se identifique, mas também gera referência para as novas gerações, que entendem que o lugar ali apresentado, é o seu lugar.

Representatividade na comunicação e na construção dos produtos é fundamental para a consolidação do combate ao racismo e estamos todos juntos no propósito de tornar a sociedade em que vivemos um lugar melhor.

Guilherme Oliveira é graduado em Administração pela Zumbi dos Palmares e com Pós-Graduação em Gestão da Inovação no Senac São Paulo, atua no Bradesco a mais de 10 anos com pesquisa e inovação, construindo soluções digitais inovadoras. Participou do processo de implementação de cultura de inovação e design centrado no usuário no Bradesco, além da construção do ecossistema inovaBra.

Haroldo Nascimento é funcionário do Bradesco há 13 anos, iniciou sua carreira como estagiário e hoje é Gerente de Estratégia na área de Varejo. Coordena o AfroBRA, grupo que atua de forma propositiva nas discussões de diversidade racial da organização. É graduado em Comércio Exterior pela Zumbi dos Palmares, Especialista em Estratégia Internacional, tem MBA em Negócios de Varejo, e em Vendas e Negociação, atualmente é mestrando em Administração do Desenvolvimento de Negócios pelo Mackenzie. Já fez intercâmbios no México, África do Sul e EUA, onde também trabalhou em projeto do Banco no Vale do Silício.